Esse artigo é uma investida contra um velho e grande tabu social, desde já aguardo as mais severas críticas, e peço que se sintam bastante a vontade para fazê-las. Faço das minhas palavras as de Winston Churchill quando disse: "O que eu espero senhores, é que depois de um razoável período de discussão, todos concordem comigo”.
Meu posicionamento em relação às drogas é simplesmente esdrúxulo, e aparentemente incompatível com minha religião e caráter. Até mesmo como profissional do direito, apoiar a legalização da venda e consumo de narcóticos é visto de forma bizarra, visto o conservadorismo que se espera da classe intelectual desse país. Entendo que a repressão as drogas, preceito que continua sendo pregado e seguido pela população e por governos de todo o mundo, para mim, não passa de um grande equívoco por parte de todos os seus opositores, sejam intelectuais, populares ou governos.
A primeira razão que me fez questionar e, por conseguinte aderir à legalização das drogas foi um princípio constitucional que está enraizado em todas as legislações sob o estado democrático de direito. É o direito inalienável da pessoa humana. Essa liberdade que é inerente a cada indivíduo, o “livre arbítrio jurídico”, pois nesse princípio repousa o direito de cada um fazer o que lhe convier com sua vida, inclusive consumir drogas. O limite dessa liberdade não é de caráter individual e sim coletivo. Qualquer um que ouse ceifar a própria vida, e não consiga, não será punido por isso. Desde o uso de uma arma de fogo até ao “suicídio mascarado” (cigarro entre outros nocivos) não são proibidos, apenas se proíbe em face de outros, a exemplo do incentivo ao suicídio e fumar em locais públicos. Em suma, a vida, juridicamente falando, pertence somente a você. Faça dela o que bem entender, se quer consumir drogas, o Estado não deveria impedir, assim como Deus (para aqueles que crêem) também não impede tal comportamento.
O segundo ponto que me faz pensar na liberação das drogas como algo correto a ser feito (não digo bom), é que o mundo parece não entender que sempre existirão consumidores para as drogas, assim sempre haverá quem forneça a mercadoria, isso é um princípio básico da economia capitalista. Isso jamais irá mudar, e a postura atual gera o narcotráfico, pois enquanto houver proibição haverá igualmente o narcotráfico. A procura pelas drogas é colossal, outrossim, o mercado também necessita ser. O narcotráfico necessitando domar as barreiras legais vai vencendo fronteiras, formando uma “bola de neve”, uma cadeia de corrupção, que atinge a polícia, a justiça, e até mesmo a política (não sei porque coloquei “até mesmo”).
Em verdade digo, não há nenhuma sociedade que tenha conseguido extinguir o consumo de drogas e também o narcotráfico. Acredito que a alternativa, a grosso calibre, (longe de ser uma solução) seja a que foi proposta pelo Falecido Senador Jefferson Péres, de que se deve abrir o mercado a legalização das drogas, sendo elas devidamente taxadas, a fim de reverter às contribuições para fundos de prevenção ao consumo de drogas e de recuperação dos dependentes. Por fim, gostaria de relembrar a célebre citação de Winston Churchill que traduz meu desejo aqueles que acabaram de ler esse artigo: "O que eu espero senhores, é que depois de um razoável período de discussão, todos concordem comigo”.